O mês de julho é marcado pela campanha Julho Amarelo, que tem como foco a conscientização da população sobre as hepatites virais — doenças silenciosas que, se não diagnosticadas e tratadas precocemente, podem evoluir para complicações graves como cirrose e câncer de fígado.
A mobilização foi oficializada pela Lei nº 13.802/2019 e envolve uma série de ações promovidas por instituições de saúde públicas e privadas em todo o país. O objetivo é ampliar o acesso à informação, incentivar a testagem e reforçar os cuidados com a saúde do fígado.
As hepatites virais são inflamações no fígado causadas por diferentes tipos de vírus, sendo os mais comuns os vírus A, B, C, D e E. Muitas vezes, a infecção é assintomática nas fases iniciais, o que dificulta o diagnóstico e favorece a evolução para formas crônicas da doença.
Meios de transmissão
• Hepatites A e E: contato com água ou alimentos contaminados;
• Hepatites B, C e D: relação sexual desprotegida, compartilhamento de seringas ou objetos perfurocortantes contaminados.
Situação no Brasil
De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre 2000 e 2023, o Brasil registrou 785.571 casos confirmados de hepatites virais. A distribuição dos casos por tipo foi:
• Hepatite A: 171.255 (21,8%)
• Hepatite B: 289.029 (36,8%)
• Hepatite C: 318.916 (40,6%)
• Hepatite D: 4.525 (0,6%)
• Hepatite E: 1.846 (0,2%)
No mesmo período, foram contabilizados 89.875 óbitos relacionados às hepatites virais A, B, C e D. A hepatite C foi responsável por 75,9% dessas mortes, seguida da hepatite B (21,7%).
Situação no Piauí
Em 2024, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN/NET) registrou 151 casos de hepatites virais no estado, dos quais foram:
• 5 de Hepatite A;
• 63 de Hepatite B;
• 80 de Hepatite C; e
• 3 casos de coinfecção pelos vírus B e C.
Já em 2025, até o momento, foram notificados 56 casos, sendo:
• 2 de Hepatite A
• 21 de Hepatite B
• 32 de Hepatite C ;
• 1 caso de coinfecção B+C
Os dados reforçam a importância da vigilância contínua e da busca ativa por novos casos.
Diagnóstico e tratamento
Um dos maiores desafios é o número de pessoas que convivem com a hepatite sem saber. Por isso, o Ministério da Saúde reforça a importância da testagem regular, especialmente entre pessoas com vida sexual ativa, usuários de substâncias injetáveis e aqueles que passaram por procedimentos médicos sem garantia de esterilização adequada.
A Sesapi lembra que o estado disponibiliza, além dos testes, o tratamento integral pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com medicamentos modernos e eficazes, principalmente para os casos de hepatites B e C. A vacinação contra a hepatite B também está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde.
A importância da alimentação segura
As hepatites A e E são transmitidas principalmente por meio da ingestão de alimentos ou água contaminada. A nutricionista Geovana Rocha destaca que a higienização correta dos alimentos é uma das formas mais eficazes de prevenção:
“Frutas, verduras e legumes consumidos crus, como alface, rúcula, tomate e morango, precisam de uma atenção especial, pois têm contato direto com o solo e sofrem muita manipulação. O ideal é lavá-los bem, folha por folha, e depois deixá-los de molho por 15 minutos em uma solução de água sanitária adequada para uso em alimentos”, orienta Geovana.
Ela explica que nem toda água sanitária serve para esse fim. “É preciso verificar no rótulo se o produto é indicado para alimentos e se contém apenas hipoclorito de sódio entre 2% e 2,5%, sem adição de alvejante ou perfume”, acrescenta.
Sobre o momento ideal da higienização, Geovana faz um alerta: “Folhas como couve e alface devem ser higienizadas apenas na hora do consumo, para evitar deterioração precoce. Já frutas de casca grossa, como melancia e mamão, podem ser lavadas ao chegar do mercado e armazenadas corretamente.”