O Dia Nacional da Adoção no Brasil é celebrado em 25 de maio, a data é uma oportunidade para conscientizar a sociedade sobre a importância da adoção de crianças e adolescentes e garantir o seu direito à convivência familiar.
Dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento disponibilizados pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) mostram que, no Brasil, há atualmente, 5.261 crianças e adolescentes aguardando adoção, enquanto isso, 33.507 pretendentes aguardam na fila de espera para adotar.
Adoção no Piauí
O Piauí é o estado do Nordeste com o menor número de crianças e adolescentes aguardando adoção, ao todo 36 ainda aguardam um lar. Destas, 19 são meninas (52,8%), a faixa etária predominante é a de 14 a 16 anos, com 9 crianças. E das 36 crianças e adolescentes, 17 não possuem nenhum irmão.
O CNJ também aponta que 196 crianças já foram acolhidas no Piauí, mas 181 delas (92,3%) por instituições de acolhimento, e apenas 15 crianças (7,7%) por famílias acolhedoras. Enquanto isso, a fila de espera segue com 181 pretendentes à adoção ativos no Piauí.
Uma família realizada através da adoção
Os bancários, Fernanda Moura e o Leonardo Moura, são casados há 19 anos e, desde o início do namoro sonhavam em ter filhos. Após anos de tentativas naturais e tratamentos médicos, inclusive com fertilizações feitas no Rio de Janeiro, o casal enfrentou desgaste físico, emocional e financeiro. Foi então que começaram a amadurecer a ideia da adoção. Em 2019, decidiram reunir a documentação e iniciar o processo.
Fernanda Moura relembra que não foi fácil, “O processo de adoção é, realmente, bem desafiador. Exige muita paciência, muita documentação, é muito burocrático e a espera é longa. Demos entrada na documentação em 2019, mas apenas em 2020, fomos incluídos no cadastro”, comenta.
O casal havia sido habilitado para adotar duas crianças, que chegaram em momentos diferentes. “Em 2021 o Vinícius chegou na nossa vida, com 2 anos e 4 meses de idade, era uma criança linda e nos apaixonamos, ‘de cara’, desde que o vimos. Ficamos com ele após a liberação da guarda-provisória pela juíza, que autorizou que ele viesse para nossa casa. Quase um 1 ano e 6 meses depois, a tão sonhada certidão de nascimento com os nossos nomes chegou, para legitimar mais ainda que ele era nosso filho”, relembra Fernanda, emocionada.
Dois anos depois, em 2023, e já com Vinícius em casa, o casal recebeu uma nova ligação da Vara da Infância. “Era a nossa segunda filha, uma bebê de apenas 3 meses. Ficamos com medo, inclusive estávamos pensando em mudar o perfil de adoção para crianças maiores, mas na semana em que íamos mudar, recebemos a ligação. Meu esposo disse que só poderia ser um sinal de Deus. Fomos conhecer a Lívia Helena e nos encantamos também”, declara a bancária.
Hoje, com Vinícius de 5 anos e Lívia Helena, de 2 anos, Fernanda e Leonardo sentem que a chegada das crianças transformou completamente suas vidas. “Quando trouxemos eles para casa, toda a dificuldade foi ofuscada pela alegria indescritível de ter nossos filhos em nossas vidas. A adoção nos ensinou muito sobre paciência, empatia, amor e cada dia ao lado deles a gente celebra tudo, e vê-los crescer e aprender, não há palavras que descrevam nossa alegria” comenta, Fernanda Moura.
Adoção: desafios, tabus e recompensas
Apesar de ser um ato de profundo amor, a adoção ainda é cercada de mitos e tabus no Brasil. A burocracia, o tempo de espera e os preconceitos sociais fazem com que muitas pessoas desistam antes de concluir a jornada. Datas como o Dia Nacional da Adoção nos lembram que ainda há, no Brasil e no Piauí, muitas crianças que anseiam por um lar e pelo amor de uma família, enquanto há famílias que se sentem incompletas por não conseguir gerar um filho através de métodos tradicionais.
A Fernanda e Leonardo aprenderam que, mesmo com obstáculos, a adoção pode mudar vidas. “Nossa história é um testemunho de que, apesar das dificuldades, o caminho da adoção é repleto de recompensas que aquecem o coração e enriquecem nossa alma. Hoje somos só gratidão pelos nossos filhos, eles nos ensinaram a ser pessoas melhores.”
Mesmo com a habilitação vencida devido ao tempo, o casal não descarta a possibilidade de adotar novamente. Eles também incentivam outras famílias a considerarem esse caminho.
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